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Guillermo Freire estava em um bar na Argentina fazendo pesquisas em seu smartphone quando, de repente, foi assaltado. À época sem emprego, após voltar de um MBA nos EUA, recorreu a um market place para comprar um celular usado. A experiência parecia ir bem até que ele chegou em casa e não conseguiu carregar a bateria do dispositivo.
A dor de cabeça, que parecia sem fim, trouxe uma ideia de negócio: criar um site para realizar a troca segura de smartphones. Foi assim que, em meados de 2014, surgiu a Trocafone.
“A partir de uma experiência super ruim, comecei a pensar que havia muitos problemas no mercado de compra e venda de celulares usados. Então, comecei a investigar com meu sócio e vimos existir muita fraude, como venda de aparelhos piratas. Enxergamos uma oportunidade de tirar as fricções do mercado”, conta Freire, cofundador e CEO da empresa.
A escolha do Brasil para lançar o piloto do site não foi arbitrária. “O nosso negócio funciona muito bem em economias emergentes e em países com muita desigualdade social. Cinquenta milhões de brasileiros, quando compram celulares novos, deixam o antigo dentro da gaveta e, em quatro ou cinco anos, ele se torna obsoleto, lixo eletrônico, enquanto cerca de 80 milhões [de pessoas] ainda não possuem um smartphone”, diz. “Encontramos no Brasil um mercado gigantesco”, afirma.
O piloto deu certo e, no final de 2014, a empresa captou quase US$ 1 milhão em uma rodada de investimentos para que o negócio fosse lançado oficialmente no ano seguinte. Desde então, a Trocafone já realizou o processamento (que inclui a compra e a venda) de mais de 1,5 milhão de dispositivos.
Para estabelecer um vínculo maior com os consumidores, antes da pandemia a Trocafone criou quiosques em shoppings, para servir como “vitrines”. “Como o conceito de comprar seminovos é muito novo no Brasil, muitas vezes o consumidor quer olhar e tocar o aparelho que ele está comprando”, explica.
Segundo Freire, 80% das vendas da loja são online —o que se fortaleceu com a pandemia e rendeu um investimento de R$ 30 milhões em sua sétima rodada de investimentos, liderada pelos fundos Barn Investimentos e Bulb Capital
“Com a pandemia, as compras online aceleraram fortemente, e identificamos que temos a oportunidade de continuar crescendo fortemente no país. Queremos investir em fazer novas contratações em todas as áreas, aumentar nossa capacidade produtiva e fechar novas parcerias de trocas nas lojas [como ViaVarejo, Magazine Luiza e Samsung]”, diz.
A democratização da tecnologia, para Freire, se mostra como um dos principais pilares da companhia por causa do valor dos smartphones disponíveis, que vão de R$ 300 a R$ 2.000. Para ele, dessa forma é possível abraçar uma maior quantidade de pessoas.
“Acreditamos que nossa missão é democratizar a tecnologia para quem não tem smartphones e reduzir o lixo eletrônico”. Para cumprir isso, segundo ele, é preciso ganhar escala. “Nos próximos cinco anos, queremos processar cerca de 5 milhões de aparelhos por ano.”
“Essa é uma tendência que está sendo muito vista no mercado, com a economia compartilhada, e esse consumo mais responsável está crescendo. Antes, comprar um celular usado era malvisto, agora não é mais. O mesmo acontece no mercado de carros. Quando você compra um smartphone novo, assim como um veículo, em poucos meses ele já é usado e perde valor”, afirma.
A Trocafone está, gradualmente, entrando em outros segmentos, como o de seguro para celulares contra roubo, furto e quedas acidentais.
A empresa também está trabalhando em um esquema de assinatura de smartphones, quando o cliente parcela o aparelho em 24 vezes e, depois desse prazo, pode devolver o celular seminovo.
A meta para 2021 é captar ainda mais investimentos já no segundo semestre e “expandir ainda mais as operações no Brasil”. E quem sabe, em um futuro próximo, chegar a outros países da América Latina.
O cliente pode vender um celular usado ou comprar um celular usado. Guillermo dá o exemplo de uma pessoa que tem um Samsung S10 e quer comprar um modelo mais novo.
Essa pessoa pode comprar o celular novo em qualquer loja e, em vez de guardar o antigo na gaveta, entrar no site e fazer uma venda online, dizendo qual é o modelo do aparelho e em que condição está. “Assim, fazemos uma oferta instantânea para você”, diz.
“Se ela for aceita, vamos combinar a coleta do aparelho direto na casa do vendedor. Então, você entrega o aparelho para a nossa logística, que pega e traz o dispositivo para nosso escritório. Após essa verificação, é liberado o pagamento na conta bancária do usuário.”
Outra possibilidade é ir a uma loja parceira para comprar o celular novo. “Em uma loja parceira, o vendedor basicamente vai oferecer uma troca Smart, em que você troca o S10 por um modelo mais novo e paga a diferença. Dessa forma, o vendedor entra na nossa plataforma e vê qual é o valor que a Trocafone irá pagar pelo modelo.”
Para garantir a procedência dos aparelhos que compra, Guillermo diz que a Trocafone toma alguns cuidados. “Na hora da compra, não pedimos a nota, mas verificamos a procedência do aparelho. Antes de fazer a oferta, analisamos o número de IMEI dos smartphones, verificamos se ele está na lista global ou não, e se ele é válido —um celular pirata não tem o código válido, por exemplo.”
“Também fotografamos o cliente que está vendendo o aparelho, que também precisa assinar um termo dizendo que ele não é ilegal”, afirma. “Não aconteceram muitas vezes, mas já tentaram vender celulares roubados ou piratas para o nosso site. Quando observamos algum erro, dizemos para o cliente que não conseguiremos comprar o aparelho dele e notificamos a agência responsável.”
Fonte: CNN