“Geralmente, espero 4 minutos, mas, hoje, já tem bem uns 15 minutos que estou aqui, e não chega”, comentou Edmundo Souza e Silva, 58 anos. Ele mora no P Norte e trabalha como caseiro no Park Way. Segundo o profissional, ele faz esse trajeto todo dia, mas teme maior aglomeração no transporte público.
“Eu pego um ônibus de casa para a estação. Daqui, vou de metrô até o Park Shopping. De lá, pego BRT para Santa Maria. São três transportes por dia, porque temos de trabalhar, não tem jeito. Mas o medo é grande, porque é muita gente junta”, afirma Edmundo.
A moradora do Sol Nascente Dalvanete Francisca dos Santos, 39, se atrasou para o serviço nesta segunda devido à pouca quantidade de trens. Ela trabalha como empregada doméstica em Arniqueira e pega dois metrôs pela manhã e outros dois à tarde, todos os dias. Hoje, notou maior lotação nos vagões.
“Todo dia é bem rápido. Em 4 minutos, já pego o metrô. Mas já tem muito tempo que estou aqui e já sei que vou me atrasar”, reclama. “Eu sou do grupo de risco, então, quando vi que a porta ia fechar e tinha um monte de gente se espremendo, preferi esperar outro, porque dá muito medo pegar essa doença”, relata Dalvanete.
Taguatinga
Na Estação Praça do Relógio, em Taguatinga Centro, também havia aglomeração. Às 8h, os trens estavam lotados. Nesse horário, a espera no local durava, em média, 10 minutos.
Ana Beatriz Ferreira, 23, saiu de casa para levar o filho a uma consulta, no Plano Piloto, e ficou assustada com a quantidade de pessoas nos vagões. “Eu, normalmente, vou de Uber, mas, hoje, decidi pegar metrô, porque não sabia da greve. Quando vi que estava cheio, resolvi esperar o próximo. É frustrante imaginar uma greve num momento desses da pandemia”, queixa-se.
Águas Claras
Na Estação Águas Claras, por volta de 9h, já fora do horário de pico, o movimento era baixo tanto dentro dos vagões como no terminal. A espera pelo metrô levava cerca de 10 minutos.
O bombeiro José Brasilino, 36, mora em Águas Claras e usa diariamente o transporte público para se deslocar até o trabalho. Nesta manhã, ele notou que o tempo de espera foi maior do que o comum. “Normalmente, é muito rápido, leva uns 2 minutos para chegar, porque eu pego qualquer um Hoje, tem uns 10 minutos que estou esperando”, comenta.
Segundo a Companhia do Metropolitano do Distrito Federal (Metrô-DF), todas as estações estão abertas nesta segunda-feira. Em nota divulgada nesse domingo, a empresa informou que “entrou com pedido de liminar, que foi deferido pelo TRT, para garantir o funcionamento do sistema com o máximo de trens possível”.
Veja a íntegra:
“O TRT estipulou que a categoria deve garantir 60% dos trens em circulação nos horários de pico. O Sindicato havia comunicado que só manteria 30% do sistema em funcionamento.
A Companhia seguirá tomando todas as providências judiciais e administrativas cabíveis para evitar maiores transtornos que a greve dos metroviários possa causar à população do Distrito Federal.
O Metrô-DF lamenta que os metroviários deflagrem uma greve em plena pandemia da Covid-19, sem ao menos votar a última proposta para o ACT 2021-2023 apresentada pela Companhia.
A greve dos metroviários coloca em risco a saúde pública e o esforço coletivo de governo e da sociedade, que há mais de um ano combate os efeitos devastadores da Covid-19.”
Após assembleia que só terminou na madrugada desta segunda, a categoria optou por não aceitar a proposta da Companhia do Metropolitano do Distrito Federal (Metrô-DF) e vai paralisar os trabalhos, mantendo apenas 60% dos trabalhadores em seus postos nos horários de pico e 40% no restante do dia.
A categoria pede o restabelecimento do Acordo Coletivo de Trabalho (ACT). E vai ao Tribunal Regional do Trabalho (TRT) para pedir a revisão de decisão judicial e tentar reduzir o percentual de funcionamento obrigatório de 60%, nos horários de pico, para 30% do quadro funcional.
O principal gatilho para o movimento paredista foi o corte do auxílio-alimentação no início de abril. “Nosso benefício é de R$ 1,2 mil, e o Metrô cortou. Não quiseram negociar nem diante do TRT. Além disso, querem cortar nosso plano de saúde e nossa previdência. São benefícios conquistados no Acordo Coletivo de Trabalho”, afirmou a diretora de administração do SindMetrô, Renata Campos.